Descidas Euribor devem aliviar prestação da casa em 2025
Menos 1 ponto percentual na Euribor fará grande diferença?
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma nova redução das taxas de juro oficiais em final de janeiro de 2025. Esta foi a quinta descida desde junho anterior e antecipam-se mais duas este ano. As taxas Euribor, a que se encontram indexados os créditos à habitação com taxa variável, tendem a refletir estas descidas, que deverão continuar a aliviar as famílias no pagamento das suas prestações.
Se a economia e a inflação se mantiverem de acordo com os objetivos das autoridades europeias – a primeira a crescer e a segunda a diminuir – as taxas de juro oficiais poderão ter mais duas descidas ao longo de 2025. Estas reduções refletem-se, normalmente, nas taxas Euribor, que servem de referência aos contratos de crédito à habitação com taxa variável a 3, 6 e 12 meses (e ao período variável nos empréstimos com taxa mista).
Embora a presidente do BCE, Christine Lagarde, não se comprometa com novas descidas de taxas de juros e tenha sublinhado que futuras decisões dependerão da evolução da economia e da inflação, os mercados estão a antecipar que as taxas Euribor possam chegar ao final de 2025 em torno dos 2% ou ligeiramente abaixo.
Espera-se, assim, que a trajetória descendente iniciada em 2024 continue em 2025 a beneficiar a maioria das famílias portuguesas com crédito habitação, aliviando a sua prestação mensal. Recorde-se que 62% dos empréstimos para compra de casa é contratado a taxa variável, de acordo com o Banco de Portugal (dados de dezembro de 2024). Outros 33% têm taxa mista e menos de 5% das famílias optou por taxa fixa – a qual não se encontra indexada à Euribor.
As perspetivas de uma prestação onde os juros pesem menos estendem-se também àqueles que estão a pensar em comprar casa.
Menos 1 ponto percentual na Euribor fará grande diferença?
Uma subida ou descida de 1 ponto percentual pode fazer uma diferença muito significativa na prestação mensal e também no montante total que os juros vão representar ao longo do período de vigência do crédito à habitação. Para perceber que impacto a descida de taxas juro pode ter na prestação mensal, o melhor é olhar para uma situação concreta. Vejamos o exemplo de um crédito à habitação com as seguintes condições:
- Empréstimo de 150.000 euros;
- A pagar em 30 anos (360 meses);
- Com uma taxa de juro indexada à Euribor a 6 meses de 3% e um spread de 1,5% (taxa de juro anual nominal de 4,5%, considerando taxa de 3% + 1,5% de spread).
A prestação mensal (capital + juros) rondaria os 760,03 euros.
Se estas condições se mantivessem ao longo dos 30 anos do empréstimo, o montante total de juros a pagar seria de 123.610,07 euros.
Contudo, como este crédito à habitação foi contratado com Euribor a 6 meses, a sua taxa de juro será revista após meio ano. Imaginemos que a taxa tinha descido 1 ponto neste meio ano, passando de 3% para 2%.
- Decorridos seis meses, o valor em dívida seria de 148.803,67 euros.
- A pagar em 29 anos e meio (354 meses)
- Com uma taxa anual nominal a seis meses de 3,5% (2% de taxa de juro + spread de 1,5%)
A nova prestação mensal passaria a ser de 674,61 euros.
Caso fosse esta a taxa a vigorar durante os 30 anos em que o crédito foi contratado, o montante total de juros a pagar seria de 92.484,13 euros.
Assim, neste exemplo, com uma diferença de apenas um ponto percentual na taxa Euribor, poderá reduzir em cerca de 85 euros por mês na prestação da casa. E se pensarmos no que este ponto representa ao longo de um empréstimo à habitação contratado a 30 anos, a diferença é superior a 30 mil euros.
Descida da Euribor e quando se reflete na redução da prestação
As variações nas taxas indexantes demoram algum tempo a refletir-se na prestação mensal do crédito à habitação: depende do mês em que cada crédito foi contratado e do prazo escolhido (ou seja, da cadência com que a taxa será revista).
Voltando ao exemplo acima e considerando que a média mensal da Euribor a 6 meses baixou em janeiro de 2025, todos os que têm o seu empréstimo habitação com esta taxa e fizeram o seu contrato de crédito em fevereiro, vão ver a sua prestação a descer de março em diante. Nos seis meses seguintes (de março a julho), a prestação manter-se-á igual, indexada ao valor médio da taxa registada ao longo do mês de janeiro.
Considerando o prazo de seis meses contratado, o valor da prestação só voltará a ser revisto em agosto. Nessa altura, a revisão terá como referência o valor médio da taxa em julho e as alterações efetivas do montante a pagar mensalmente ao banco só se farão notar de setembro em diante.
O que importa para a prestação para além dos juros e spread
Se é certo que a Euribor determina uma fatia importante da mensalidade a pagar pelo empréstimo à habitação, ela corresponde aos juros e não a todos os valores a suportar.
Para saber exatamente o valor que vai associado a um crédito habitação importa conhecer a TAEG – a Taxa Anual de Encargos Efetiva Global – que além dos juros, inclui o spread contratado e os vários custos associados ao crédito, incluindo comissões bancárias, seguros obrigatórios e impostos.
Saiba mais sobre a TAEG, que é particularmente importante para quem quer comprar casa e vai comparar as condições proporcionadas por diferentes instituições de crédito.
Com vários valores a considerar, as contas não são fáceis de fazer. Fazer uma simulação vai ajudar, mas saiba que existem especialistas disponíveis para fazer comparações e saber qual é o crédito mais competitivo para cada situação específica. Se está a pensar pedir empréstimo para comprar casa ou transferir o seu crédito à habitação, conte com os especialistas da Twinkloo.